RACISMO NO BRASIL - O MITO DA DEMOCRACIA RACIAL
A ideia de democracia racial remete a uma sociedade sem discriminação ou sem barreiras legais e culturais para a igualdade entre grupos étnicos. É essencialmente utópica, posto que a plena igualdade e a ausência completa de qualquer tipo de preconceito não ocorrem e nunca ocorreram em nenhum lugar do mundo.
No Brasil, todavia, a formação da identidade nacional teve como um de seus componentes o mito da democracia racial, isto é, a ideia de mestiçagem como um lugar de convergência entre os muitos povos que aportaram aqui e da convivência harmônica entre negros e indígenas escravizados e portugueses, concepção inclusive reforçada em clássicos da nossa literatura e sociologia, como na obra “Casa-Grande e Senzala”, de Gilberto Freyre.
(Cartaz do acervo do Arquivo Nacional do Brasil pelo fim da escravidão do Brasil)
Havia a ideia de uma falsa harmonia na qual senhores brancos “cediam espaço” a alguns mulatos a quem se afeiçoavam, desde que não ameaçassem sua liderança. O mito da democracia racial consiste em transformar, no campo do discurso, essa situação de exceção em regra, OU SEJA, situações de harmonia entre duas pessoas de origens distintas era algo muito difícil e não correspondia à realidade da maioria de negros escravizados.
Essa aceitação limitada somada à igualdade jurídica pós-abolição, que não se efetivou por não incluir a igualdade política de votar e se associar em busca de direitos, conduziu também a uma falsa ideia de meritocracia, pela qual os negros e os brancos estavam em condição de igualdade em oportunidades e recursos, e o fracasso do negro era resultado de características pessoais, como indolência, incapacidade, degradação moral e ignorância – hipótese referendada pelo racismo científico, que as atribuía a deficiências biológicas.
Essa mentalidade era eficiente em desarticular a população negra de modo que não retaliasse seus ex-senhores e não exigisse deles ou do Estado brasileiro reparação pelos danos sofridos ou políticas compensatórias. Aqui se aplica o conceito marxiano de ideologia, pelo qual a classe dirigente produz e difunde uma visão invertida da realidade, distorcendo propositalmente o padrão de relações sociais para levar os oprimidos a aceitarem a espoliação, como asseverou o brilhante intelectual negro Abdias do Nascimento:
“Devemos compreender democracia racial como significando a metáfora perfeita para designar o racismo estilo brasileiro: não tão óbvio como o racismo dos Estados Unidos e nem legalizado qual o apartheid da África do Sul, mas eficazmente institucionalizado nos níveis oficiais de governo assim como difuso no tecido social, psicológico, econômico, político e cultural da sociedade do país”.
Democracia racial é o
estado de plena igualdade entre as pessoas independentemente de raça, cor ou etnia. No mundo atual, apesar do fim da escravização e da condenação de
práticas e de ideologias racistas, ainda não existe democracia
racial, visto que há um abismo imenso que segrega populações negras, indígenas
e aborígenes da população branca.
Mito é algo irreal,
inexistente, uma narrativa fantasiosa. Falar em “mito da democracia racial”
leva-nos a interpretar que a democracia racial não existe. De fato, atualmente,
sobretudo no Brasil, a
democracia racial é uma lenda. Boa parte do senso
comum afirma que no Brasil não há racismo, que
nele há uma democracia racial pelo fato de não haver uma divisão de raças tão
forte quanto há nos Estados Unidos atualmente.
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