TEXTO DE IMMANUEL KANT RESPOSTA À PERGUNTA: O QUE É ESCLARECIMENTO?
texto base para o 4° bimestre.
As ideias kantianas são aqueles que mais influenciaram a filosofia moderna, assim como as de Galileu, Newton e Darwin, as das ciências modernas, e as de Aristóteles, a filosofia antiga. A teoria de Kant foi denominada copernicana (relativo a Nicolau Copérnico) pela inversão de valores que provoca: até seu tempo, a filosofia tinha como alvo os objetos e os modos de compreendê-los. Kant inverte tudo e afirma que primeiro é preciso mostrar os mecanismos internos da razão, isto é, como ele opera, quais seus limites e possibilidades. Kant fez uma epistemologia da razão; quis mostrar como pensamos; quis fazer uma crítica da forma da racionalidade. Por isso mesmo sua filosofia é denominada criticista. Suas principais obras foram críticas dos meios da razão. Uma recebeu o nome Crítica da Razão Pura e a outra Crítica da Razão Prática. Mas Kant escreveu ainda vários outros textos importantes, entre os quais destaca-se A religião nos Limites da Simples Razão. Kant vinha da Província; não como os franceses Rousseau e Diderot, por exemplo, iluministas também, mas provenientes da Metrópole das Luzes. Isso é o que torna obra de Kant interessante: ele não estava nos centros badalados do saber.
Vamos ao escrito de 1783. O que Kant nos diz ali? É um texto que trata de nossas ações, decisões; é um texto que aborda uma questão moral. Kant quer fundamentar sua tese segundo a qual, em questões morais, somos muito mais culpados do que normalmente gostamos de reconhecer.
Kant quer nos explicar, esclarecer (aufklären) o que é fazer uso das faculdades de juízo (a razão) para bem servir-se dela sem prejudicar outrem ou apoiar-se em outros. É preciso esclarecer o que é razão para Kant. Para ele, razão (logos, Vernunft) é saber sair da menoridade, é o supremo exercício da autonomia - do grego “autós”= próprio, de mim mesmo e por mim mesmo; + a expressão nômos = lei, regra, norma, princípio -, portanto, Autonomia compreende as regras que eu mesmo, por assim dizer, “dou-me” e assumo. Eu sei dizer sozinho de que lado nasce o Sol; e se eu errar, também assumo que errei em meu julgamento, sem precisar me justificar e dizer que a culpa foi do livro, foi do autor tal e etc. Se eu mentir, não posso culpar outro. Menti por minha vontade. Ainda que outro tivesse me induzido a mentir, mas decidi participar, minha vontade e minha decisão ali estavam também. Não ter culpa, não significa não ter participado por um princípio de decisão livre. Para Kant, autonomia é servir-se de si mesmo como responsável pelos seus atos. Esse princípio da autonomia vem de Aristóteles, e que Kant assume para si. Para o Estagirita (Aristóteles), o homem é inteiramente livre e não há outra força que o faça agir deste ou daquele modo a não ser a sua própria vontade, movida pela sua consciência moral. Não dá para culpar o Estado, a Religião, a Família, a Sociedade e etc. A sua consciência é a medida da ação. Esse princípio aristotélico está presente em Kant, embora ele não se refira de modo direto a Aristóteles no texto aqui analisado. Ser esclarecido, desse modo, significa servir-se correta e responsavelmente da razão para tirar o “o homem” da menoridade, da qual ele mesmo é culpado. Para Kant, Ser Menor, é ser incapaz de se autodeterminar em função de um fim, de um alvo, de uma situação. Mas Kant observa que os homens gostam de ser menores, ter tutores, ter guias que lhes digam o que fazer. É cômodo ser menor (p. 64). A preguiça e a covardia são os principais motivos que mantêm as pessoas menores por sua vida toda. Muitos tutores chegam a nos encorajar a desistir de nossas decisões e querem nos induzir a crer apenas neles. Eis o truque para manter-nos menores! Assim ficam a dizer que é difícil, que não é possível e assim a humanidade vai pelos tutores e não vai por si mesma. Kant chega a dizer que é difícil para os homens livrarem-se da menoridade porque eles a vêem como uma questão natural (um problema de natureza). Kant está a dizer: a questão moral é de ordem cultural, é de ordem ética e não da ordem das coisas naturais. Não há ética e princípios morais na natureza. Eles são construções conscientes de nossas ações, de nosso modo de agir com as coisas do mundo, enfim, de pessoas que podem fazer opções. Não há liberdade na natureza. A natureza é da ordem do determinismo; a cultura é da ordem da liberdade. Para Kant, porém, ser livre não significa agir sem refletir. Não é aquela visão rasa, tantas vezes ouvida e tantas vezes repetida pelo senso comum: ser livre equivale a poder fazer o que se quer. Uma liberdade assim não há, nunca houve e nunca haverá. Só há liberdade mediante um dever e compromisso.
RECADO: OLÁ TURMAS, ESTE TEXTO INICIA NOSSO 4° BIMESTRE. PEÇO QUE LEIAM INTEIRO, POR VAMOS TRABALHÁ-LO EM NOSSAS AULAS DE FILOSOFIA!
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