quinta-feira, 14 de maio de 2020

ATIVIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA - Profª Heloisa Ferraz




CRÔNICA
(CONCEITO DEVE SER FEITO NO CADERNO)
A crônica é um gênero textual discursivo que narra situações cotidianas da vida urbana.

crônica é um gênero textual típico dos séculos XIX, XX e XXI, normalmente sendo encontrada em jornais ou revistas. Em muitos casos, célebres cronistas – tais quais Lima Barreto ou Luís Fernando Veríssimo – reúnem suas crônicas em livros.

Características

Veja, a seguir, as principais características da crônica.
·         O fator principal que define a crônica é sua temática: crônicas abordam assuntos vinculados ao cotidiano das cidades.
·         Um bom cronista é aquele que narra situações banais sob uma ótica particular e criativa.
·         É comum que esse tipo de texto tenha marcas claras de humor.
·         A linguagem da crônica costuma ser coloquial  e simples. A leveza na linguagem é típica do gênero.
·         Normalmente, as crônicas são publicadas em jornais, revistas e blogs.


Tipos de crônica

A produção de crônicas está diretamente ligada à difusão da imprensa na sociedade. Foi por meio dos jornais que,    a priori, as crônicas começaram a circular na vida dos cidadãos. Entretanto, se esse espaço de publicação ainda é o mais utilizado pelos cronistas, os tipos de crônicas que existem são diversos. De algum modo, é possível dizer que existem dois tipos de crônica: as narrativas e as jornalísticas.

·         Crônica narrativasão aquelas que não apresentam estruturas textuais argumentativas ou reflexivas predominantes. Nesse caso, a crônica pode ser definida como um gênero literário marcado pela narração de situações cotidianas sob uma ótica individual.

·         Crônica jornalística: Diferentemente da anterior, as crônicas jornalísticas misturam as tipologias textuais narrativa e argumentativa. Isso porque, a partir da narração de fatos cotidianos, os cronistas de jornal promovem reflexões e desenvolvem teses e argumentos.


Normalmente, as crônicas jornalísticas abordam assuntos de relativa importância social. Leia, a seguir, uma crônica jornalística escrita por Lima Barreto diante de um fato, infelizmente, cotidiano: a violência contra as mulheres.

Não as matem
Esse rapaz que, em Deodoro, quis matar a ex-noiva e suicidou-se em seguida, é um sintoma da revivescência de um sentimento que parecia ter morrido no coração dos homens: o domínio, quando même, sobre a mulher.
O caso não é único. Não há muito tempo, em dias de carnaval, um rapaz atirou sobre a ex-noiva, lá pelas bandas do Estácio, matando-se em seguida. A moça com a bala na espinha, veio morrer, dias após, entre sofrimentos atrozes.
Um outro, também, pelo carnaval, ali pelas bandas do ex-futuro Hotel Monumental, que substituiu com montões de pedras o vetusto Convento da Ajuda, alvejou a sua ex-noiva e matou-a.
Todos esses senhores parece que não sabem o que é a vontade dos outros.
Eles se julgam com o direito de impor o seu amor ou o seu desejo a quem não os quer. Não sei se se julgam muito diferentes dos ladrões à mão armada; mas o certo é que estes não nos arrebatam senão o dinheiro, enquanto esses tais noivos assassinos querem tudo que é de mais sagrado em outro ente, de pistola na mão.
O ladrão ainda nos deixa com vida, se lhe passamos o dinheiro; os tais passionais, porém, nem estabelecem a alternativa: a bolsa ou a vida. Eles, não; matam logo.
Nós já tínhamos os maridos que matavam as esposas adúlteras; agora temos os noivos que matam as ex-noivas.
[...]
O esquecimento de que elas são, como todos nós, sujeitas, a influências várias que fazem flutuar as suas inclinações, as suas amizades, os seus gostos, os seus amores, é coisa tão estúpida, que, só entre selvagens deve ter existido.
Todos os experimentadores e observadores dos fatos morais têm mostrado a inanidade de generalizar a eternidade do amor.
Pode existir, existe, mas, excepcionalmente; e exigi-la nas leis ou a cano de revólver, é um absurdo tão grande como querer impedir que o sol varie a hora do seu nascimento.
Deixem as mulheres amar à vontade.
Não as matem, pelo amor de Deus!
Lima Barreto, 1915.

·         Crônica humorística: Tanto nas crônicas narrativas quanto nas jornalísticas, é muito comum que o humor seja uma das tônicas do texto. O uso da ironia, de comparações inusitadas ou ainda a tematização de assuntos cômicos por excelência são algumas das técnicas usadas pelos cronistas.

Como fazer uma crônica

Para fazer uma boa crônica, é preciso, inicialmente, ser um observador da sociedade. A visão particular e inusitada do cronista é que confere originalidade ao gênero. Além disso, é necessário usar uma linguagem leve, muitas vezes coloquial, e procurar demonstrar como o cotidiano pode ser cheio de significados.

Por Me. Fernando Marinho
A crônica é um gênero amplamente difundido no âmbito jornalístico.A crônica é um gênero amplamente difundido no âmbito jornalístico.
Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:
MARINHO, Fernando. "Crônica "; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/redacao/cronica.htm. Acesso em 14 de maio de 2020.

ATIVIDADES
(SER FEITAS EM FOLHA SEPARADAS, ENTREGUE NA ESCOLA DIA 25/05/2020)
São Paulo vai se recensear. O governo quer saber quantas pessoas governa. A indagação atingirá a fauna e a flora domesticadas. Bois, mulheres e algodoeiros serão reduzidos a números e invertidos em estatísticas. O homem do censo entrará pelos bangalôs, pelas pensões, pelas casas de barro e de cimento armado, pelo sobradinho e pelo apartamento, pelo cortiço e pelo hotel, perguntando:
— Quantos são aqui?
Pergunta triste, de resto. Um homem dirá:
— Aqui havia mulheres e criancinhas. Agora, felizmente, só há pulgas e ratos.
E outro:
— Amigo, tenho aqui esta mulher, este papagaio, esta sogra e algumas baratas. Tome nota dos seus nomes, se quiser. Querendo levar todos, é favor... (...)
E outro:
— Dois, cidadão, somos dois. Naturalmente o sr. não a vê. Mas ela está aqui, está, está! A sua saudade jamais sairá de meu quarto e de meu peito!
(Rubem Braga. Para gostar de ler. v. 3. São Paulo: Ática, 1998, p. 32-3 (fragmento).)
1) O fragmento acima, em que há referência a um fato sócio-histórico — o recenseamento —, apresenta característica marcante do gênero crônica ao:
a) expressar o tema de forma abstrata, evocando imagens e buscando apresentar a ideia de uma coisa por meio de outra.
b) manter-se fiel aos acontecimentos, retratando os personagens em um só tempo e um só espaço.
c) contar história centrada na solução de um enigma, construindo os personagens psicologicamente e revelando-os pouco a pouco.
d) evocar, de maneira satírica, a vida na cidade, visando transmitir ensinamentos práticos do cotidiano, para manter as pessoas informadas.
e) valer-se de tema do cotidiano como ponto de partida para a construção de texto que recebe tratamento estético.

2) Leia, em primeira instância, o que nos diz o crítico literário Antônio Cândido acerca do gênero “crônica”:
A crônica não é um “gênero maior”. Não se imagina uma literatura feita de grandes cronistas, que lhe dessem o brilho universal dos grandes romancistas, dramaturgos, e poetas. Nem se pensariam em atribuir o Prêmio Nobel a um cronista, por melhor que fosse. Portanto, parece mesmo que a crônica é um gênero menor.
“Graças a Deus” – seria o caso de dizer, porque sendo assim ela fica perto de nós.
Antônio Cândido
Tendo em vista os conhecimentos de que dispõe a respeito de tal gênero, explicite suas considerações sobre o fragmento acima, levando em consideração as características que demarcam a modalidade em questão.
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3) Explicite seus conhecimentos acerca da crônica argumentativa.
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4) O texto que segue (fragmentos) é de autoria de Mário Prata. Lendo-o, procure responder ao que se pede:
Na fila da liberdade
[...]
Pois foi numa dessas filas que o fato se deu.
Era uma bela fila, de umas dez pessoas. E em supermercado, com aqueles carrinhos lotados, a gente ali olhando a mocinha tirar latinha por latinha, rolo por rolo de papel higiênico, aquela coisa que não tem fim mesmo. E naquela fila tinha um garotinho de uns dez anos, que existe apenas uma palavra para definir a figurinha: um pentelho. Como muito bem define o Houaiss: “pessoa que exaspera com sua presença, que importuna, que não dá paz aos outros”.
Pois ali estava o pentelhinho no auge de sua pentelhação. Quanto mais demorava, mais ele se aprimorava. E a mãe, ao lado, impassível. Chegou uma hora que o garoto começou a mexer nas compras dos outros. Tirar leite condensado de um carrinho e colocar no outro. Gritava, ria, dava piruetas. Era o reizinho da fila. E a mãe, não era com ela.
Na fila ao lado (aquela de velhos, deficientes e grávidas), tinha um casal de velhinhos. Mas velhinhos mesmo, de mãos dadas. Ali, pelos oitenta anos. A velhinha, não aguentando mais a situação, resolveu tomar as dores de todos e foi falar com a mãe. Que ela desse um jeito no garoto, que ela tomasse uma providência. No que a mãe, de alto e bom tom:
-Educo meu filho assim, minha senhora. Com liberdade, sem repressão. Meu filho é livre e feliz. É assim que se deve educar as crianças hoje em dia.
A velhinha ainda ameaçou dizer alguma coisa, mas se sentiu antiga, ultrapassada. Voltou para a sua fila. Só que não encontrou o seu marido, que havia sumido.
 Não demorou muito e voltou o marido com um galão de água de cinco litros e, calmamente, se aproximou da mãe do pentelho, abriu e entornou tudo na cabeça da mulher.
-O que é isso, meu senhor?
O velhinho colocou o vasilhame (que palavra antiga) no seu carrinho e enquanto a mulher esbravejava e o pentelho morria de rir, disse bem alto:
-Também fui educado com liberdade!!!
Foi ovacionado.
Trata-se de uma narrativa, sem dúvida. Contudo, uma narrativa diferente das convencionais – o que nos atesta se tratar de uma crônica. Dessa forma, em se tratando do narrador, procure ressaltar o que compreendeu acerca desse importante elemento referente à modalidade em estudo:
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