Texto 1
Em um século dominado pelo virtual e pelo instantâneo, que poder resta à literatura? Ao contrário das imagens, que nos jogam para fora e para as superfícies, a literatura nos joga para dentro. Ao contrário da realidade virtual, que é compartilhada e se baseia na interação, a literatura é um ato solitário, nos aprisiona na introspecção. Ao contrário do mundo instantâneo em que vivemos, dominado pelo “tempo real” e pela rapidez, a literatura é lenta, é indiferente às pressões do tempo, ignora o imediato e as circunstâncias. Vivemos em um mundo dominado pelas respostas enfáticas e poderosas, enquanto a literatura se limita a gaguejar perguntas frágeis e vagas. A literatura, portanto, parece caminhar na contramão do contemporâneo. Enquanto o mundo se expande, se reproduz e acelera, a literatura contrai, pedindo que paremos para um mergulho “sem resultados” em nosso próprio interior. Sim: a literatura – no sentido prático – é inútil. Mas ela apenas parece inútil.
Disponível em: <http://blogs.oglobo.globo.com/jose-castello/post/o-poderda-literatura-444909.html/>. Acesso em: 12 fev. 2018.
Texto 2
“A literatura tem sido um instrumento poderoso de instrução e educação, entrando nos currículos, sendo proposta a cada um como equipamento intelectual e afetivo. Os valores que a sociedade preconiza, ou os que considera prejudicais, estão presentes nas diversas manifestações da ficção, da poesia e da ação dramática. A literatura confirma e nega, propõe e denuncia, apoia e combate, fornecendo a possibilidade de vivermos dialeticamente os problemas.”
Antonio Candido, do ensaio “O direito à literatura”, no livro “Vários escritos”. 3. ed. revista e ampliada. São Paulo: Duas Cidades, 1995.
1. Embora ambos os textos tratem do mesmo assunto geral, há diferenças na abordagem do assunto. É possível constatar que:
A) o primeiro texto trata da perda de poder da literatura, enquanto o segundo texto defende que a
leitura de clássicos é essencial para a formação humana.
B) o primeiro texto trata da inutilidade da literatura, enquanto o segundo texto aborda o poder que a
literatura tem tido ao longo da história da humanidade.
C) o primeiro texto aborda a literatura como aparentemente inútil, enquanto o segundo texto discute
o quanto ela é um instrumento útil para a humanidade.
D) o primeiro texto enaltece o valor do mundo virtual, enquanto o segundo texto defende que a literatura pode ser uma fonte de construção de valores morais.
A literatura não serve para nada – é o que se pensa. A indústria editorial tende a reduzi-la a um entretenimento para a beira de piscinas e as salas de espera dos aeroportos. De outro lado, a universidade – em uma direção oposta, mas igualmente improdutiva – transforma a literatura em uma “especialidade”, destinada apenas ao gozo dos pesquisadores e dos doutores. Vou dizer com todas as letras: são duas formas de matá-la. A primeira, por banalização. A segunda, por um esfriamento que a asfixia. Nos dois casos, a literatura perde sua potência. Tanto quando é vista como “distração”, quanto quando é vista como “objeto de estudos”, a literatura perde o principal: seu poder de interrogar, interferir e desestabilizar a existência. Contudo, desde os gregos, a literatura conserva um poder que não é de mais ninguém. Ela lança o sujeito de volta para dentro de si e o leva a encarar o horror, as crueldades, a imensa instabilidade e o igualmente imenso vazio que carregamos em nosso espírito. Somos seres “normais”, como nos orgulhamos de dizer. Cultivamos nossos hábitos, manias e padrões. Emprestamos um grande valor à repetição e ao Mesmo. Acreditamos que somos donos de nós mesmos!
Disponível em: <http://blogs.oglobo.globo.com/jose-castello/post/o-poder-da-literatura-444909.html/>. Acesso em: 7 mar 2018.
2. Sobre o assunto abordado, o autor defende a tese de que
A) a literatura não serve para nada.
B) a indústria editorial tende a reduzir a literatura a um entretenimento.
C) a universidade esfria e asfixia a literatura.
D) a literatura tem o poder de interrogar, interferir e desestabilizar a existência.
Leia o texto abaixo para responder as questões 03 e 04:
Volta e meia, em nosso mundo redondo, colapsa o frágil convívio entre os diversos modos de ser dos seus habitantes. Neste momento, vivemos uma nova rodada dessas com os inúmeros refugiados, famílias fugitivas de suas guerras civis e massacres. Eles tentam entrar na mesma Europa que já expulsou seus famintos e judeus. Esses movimentos introduzem gente destoante no meio de outras culturas, estrangeiros que chegam falando atravessado, comendo, amando e rezando de outras maneiras. Os diferentes se estranham.
Fui duplamente estrangeira, no Brasil por ser uruguaia, em ambos os países e nas escolas públicas por ser judia. A instrução era tentar mimetizar-se, falar com o menor sotaque possível, ficar invisível no horário do Pai Nosso diário. Certamente todos conhecem esse sentimento de sentir-se estrangeiro, ficar de fora, de não ser tão autêntico quanto os outros, ou não ser escolhido para o que realmente importa. Na infância, tudo é grande demais, amedronta e entendemos fragmentariamente, como recém-chegados. Na puberdade, perdemos a familiaridade com nossos familiares: o que antes parecia natural começa a soar como estrangeiro. Na adolescência, sentimo-nos estranhos a quase tudo, andamos por aí enturmados com os da mesma idade ou estilo, tendo apenas uns aos outros como cúmplices para existir.
Disponível em: <http://wp.clicrbs.com.br/opiniaozh/2015/09/12/artigosomos-todos-estrangeiros/>. Acesso em: 05 fev. 2018.
3. Ao escrever sobre o tema abordado no texto, a autora parte de
A) um sentimento de preocupação em relação aos fluxos migratórios da atualidade.
B) um momento de reflexão sobre as dificuldades dos movimentos migratórios recentes.
C) uma sensação de vínculo da história pessoal com a migração de todos os tempos.
D) uma relação de frustração por ter se sentido excluída na infância e na adolescência.
4. Considerando o assunto abordado no texto, a expressão “tentar mimetizar-se” refere-se a uma tentativa de
A) parecer invisível durante as situações mencionadas no texto.
B) sentir-se igual aos demais nas situações mencionadas no texto.
C) disfarçar a insegurança da autora nas situações mencionadas no texto.
D) esconder-se de si mesma para não enfrentar as situações mencionadas no texto.
5. (TRF- RJ) Considerando as formas verbais destacadas nas três frases abaixo, a opção com a correta classificação de tempos e modos é, respectivamente:
1 – Pelo menos não descumpra suas obrigações.
2 – Talvez chova no final do dia.
3 – Digita este documento, por gentileza, Teresinha.
a) imperativo negativo/presente do subjuntivo/ imperativo afirmativo.
b) presente do subjuntivo/presente do subjuntivo/ imperativo afirmativo
c) imperativo negativo/presente do subjuntivo/presente do indicativo
d) presente do subjuntivo/presente do subjuntivo/presente do indicativo
e) imperativo negativo/presente do indicativo/imperativo afirmativo
6.(Fuvest) Passe o texto para a forma negativa:
“Sai daqui! Foge! Abandona o que é teu e esquece-me”.
7.A frase a seguir se encontra no imperativo negativo. Assim, de forma a manter a mesma pessoa gramatical, mude-a para o imperativo afirmativo:
"Não traga más recordações e não venha munido de mágoas e ressentimentos de outrora".
Nenhum comentário:
Postar um comentário