A
chegada dos portugueses à América
A
imensa extensão territorial de nosso país resultou de um longo processo de
conquista de terras, iniciado pelos portugueses a partir de 1500, quando os
colonizadores aqui chegaram – episódio na história que ficou conhecido como
“descobrimento do Brasil”.
Ao estudar como
ocorreu a formação do território brasileiro, devemos lembrar que os
colonizadores portugueses foram se apropriando das terras que hoje constituem o
Brasil e conquistando a área onde viviam cerca de 4 milhões de pessoas,
distribuída entre mais de mil povos diferentes: os indígenas.
Estima-se que
atualmente haja no território brasileiro aproximadamente 817 mil indígenas,
divididos em 230 diferentes povos.
Os
limites territoriais
No
período de expansão marítimo-comercial, portugueses e espanhóis buscavam novas
terras para colonização. Foi nessa época que os atuais limites do território
brasileiro começaram a ser definidos, já em 1494, com o Tratado de
Tordesilhas, que consistia num meridiano imaginário a 370 léguas da Ilha de
Cabo Verde, próxima à costa africana. Por meio desse acordo, portugueses e espanhóis dividiram entre si as terras
descobertas e as que viessem a ser conquistadas, a partir de então, em suas
expedições ultramarinas – as terras localizadas a leste do meridiano passariam
a pertencer a Portugal e as terras localizadas a oeste à Espanha.
O objetivo era
impedir conflitos entre as duas nações ibéricas e garantir a exploração dos
domínios reservados.
Povoar
ou perder
Para
garantir o poder sobre as terras ocupadas e protege-las de outros
conquistadores, como franceses e holandeses, além dos próprios espanhóis, em
1534 a Coroa portuguesa organizou o território, dividindo-o em capitanias
hereditárias, que eram lotes de terras doados pelo rei de Portugal, que
tratava-se de grandes extensões de terras delimitadas a partir do litoral.
Como os portugueses
não conheciam muito bem o território, as fronteias ainda não estavam definidas.
Os primeiros donatários eram portugueses de classes abastadas, ligados à Coroa
portuguesa, ou funcionários de confiança do rei.
A capitania era
considerada hereditária porque os donatários podiam passar a seus herdeiros o
controle sobre suas terras.
Expansão
territorial
O território inicialmente
dominado pelos portugueses expandiu-se significativamente, ultrapassando a
linha do Tratado de Tordesilhas. Muitos fatores contribuíram para a ocupação e
a expansão do território, desde o século XVI, entre os quais se destacam:
·
a atuação dos bandeirantes;
·
o papel dos jesuítas;
·
a exploração econômica do território.
Bandeirantes
e jesuítas
Os bandeirantes
formavam grupos que partiam de São Paulo em direção ao interior do
território com o objetivo de capturar índios para o trabalho escravo nas
lavouras de cana-de-açúcar do litoral. Assim, eles dominaram os povos indígenas
e abriram caminhos para o interior, consolidando o controle da Coroa portuguesa
sobre o território.
A partir do final
do século XVII, os bandeirantes passaram a explorar ouro e pedras preciosas em
áreas dos atuais estados de Minas Gerais e do Mato Grosso.
Os jesuítas também
tiveram um papel importante para a soberania portuguesa sobre o território,
pois fundaram aldeamentos que se transformaram em povoados e contribuíram para
a dominação dos indígenas
Os
espaços geográficos construídos
O espaço da agroindústria da cana-de-açúcar
Durante os séculos
XVI e XVII, parte da Zona da Mata do Nordeste foi ocupada por plantações de
cana-de-açúcar. A Zona da Mata é uma faixa de terras que se estende desde o
litoral do atual Rio Grande do Norte até o sul da Bahia atual, com clima
tropical úmido e que, no passado, era coberta pela Mata Atlântica.
A expressão drogas
do sertão era o nome dado na época – séculos XVI e seguintes – aos produtos
extraídos da floresta amazônica: castanha, canela, cacau, salsaparrilha
(denominação comum a cipós cujas as raízes têm propriedades medicinais);
portanto, trata-se de extrativismo vegetal.
Século XVI
O espaço da cultura do tabaco
Desenvolveu-se,
também, na Zona da Mata do Nordeste, ao redor da cidade de Salvador, entre os
séculos XVI e XIX. Além de ser exportado para a Europa, o tabaco era utilizado
como moeda de troca no comércio de escravos, nas costas africanas.
Os espaços da criação de gado ou da pecuária
No século XVI, na
Zona da Mata do Nordeste, começaram a ser organizados espaços para a criação do
gado bovino trazido pelos colonizadores. No século XVII, essa atividade se
interiorizou, alcançando os vales do Rio São Francisco e do Rio Parnaíba para,
no século XVIII, se estender por vários
espaços, inclusive no Sul da colônia ( atuais estados do Rio Grande do Sul e
Santa Catarina).
A criação de gado,
ao produzir espaços geográficos, deu origem a várias cidades: Currais Novos
(RN), Jequié (BA), Oeiras (PI), Pastos Bons (MA), Osório, Pelotas, São Gabriel,
Charqueada, Vacaria e Viamão (RS).
Da mesma forma que
a criação de gado no Nordeste foi estimulada pela necessidade de carne, leite e
de animais de tração para o engenho, no sul da colônia, a criação de gado foi
também estimulada pela necessidade de carne, de couro e de animais por parte do
espaço da mineração, as Minas Gerais ( as cidades de Sabará e Vila Rica, hoje denominadas
Ouro Preto). Os tropeiros, condutores de tropas de animais (cavalo,
mulas, burros), ao transportarem o charque ou carne-seca do Sul até o espaço da
mineração, criaram muitos pousos ao longo do caminho. Nesses pousos, os
tropeiros, juntamente com os animais, descansavam ou pernoitavam. Alguns desses
pousos, com o passar do tempo, se transformaram em povoados e depois em
cidades: Sorocaba, Casa Branca e Franca (SP); Campo Largo, Rio Negro e Ponta
Grossa (PR); Passa Quatro, Passa Tempo e Pouso Alto (MG).
O espaço da mineração
A
exploração de ouro e pedras preciosas em terras que correspondem hoje a Minas
Gerais, Goiás e Mato Grosso produziu seus espaços geográficos no final do
século XVII e parte do século XVIII. Muitos arraiais da mineração transformaram-se
em cidades: São José del Rei (atual Tiradentes), Ouro Preto (antiga Vila Rica),
Sabará, São João del Rei, Mariana (antigo Ribeirão do Carmo) e outras em Minas
Gerais; Cuiabá e Poconé, em Mato Grosso; Goiás (antiga Vila Boa) e Rio Verde,
em Goiás, além de outras.
O espaço da cafeicultura
Das
imediações da cidade do Rio de Janeiro, a cafeicultura se expandiu para o Vale
do Paraíba, para o interior de São Paulo (Campinas, Limeira, Araraquara,
São Carlos, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto etc.), para a Zona da Mata
mineira (Juiz de Fora), no século XIX e início do XX. Posteriormente,
ocupou terras do Espírito Santo, do norte do Paraná, de Mato Grosso e de
Rondônia, estimulando a produção de espaços geográficos.
O espaço da borracha
Algumas
plantas da Floresta Amazônica fornecem o látex do qual se obtém a
borracha. A coleta do látex intensificou-se, no final do século XIX e início do
século XX, possibilitando um maior povoamento da Amazônia e a produção de
espaços geográficos.
O “motor” da construção de espaços geográficos
As
atividades econômicas descritas anteriormente, além de outras, foram
responsáveis pelo povoamento e ocupação do território por luso-brasileiros e
outros povos. Consequentemente, pela construção de espaços geográficos, até
aproximadamente 1930. Percebe-se, assim, que o “motor” da construção espacial é
a atividade econômica.
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